
As crianças e os legumes. É sempre uma chatice! Um dia fiz arroz de cenoura e a Marta fartou-se de reclamar. Com esta história comeu tudo e foi olhar-se ao espelho a ver se os seus olhos pareciam faróis...
Era uma vez uma menina que se chamava Eduarda. A Eduarda gostava muito de passear pela floresta, a ver os animais, a cheirar as flores, a ver as abelhas a levar o pólen para fabricar mel.
Um dia a Eduarda distraíu-se e andou demais. Tanto que, quando reparou, a noite já caira e não se lembrava do caminho para casa.
Começou a chorar, com medo da escuridão. Numa toca uma coelha ouviu-a e veio em seu auxílio.
- Que se passa, menina? Estás perdida? - perguntou-lhe a coelha.
- Sim, andei, andei e agora não sei o caminho para casa - e chorou com mais força, desesperada
- Calma, hoje não vale a pena andares pela floresta. Está a ficar frio e deves ter fome. Anda comigo para a minha toca. Jantas comigo e com os meus filhos coelhos e dormes connosco.
Lá foram as duas, com a menina mais conformada.
Entraram na toca e estava quentinho e cheirava tão bem.
- Estes são os meus dez filhos coelhos. Estão todos com fome, por isso vamos comer.
A Eduarda sentou-se à mesa com os coelhinhos, mais animada e esperou que a mamã coelha trouxesse o jantar. Estava mesmo cheia de fome.
- Sopinha de cenoura - disse a mamã coelha
Os coelhinhos bateram palmas. Adoravam cenouras!
- Não gosto nada de cenouras - disse a Eduarda muito triste
- As cenouras fazem muito bem. Não vês como os olhinhos dos meus meninos são tão brilhantes e os dentes tão branquinhos? - dizia a mamã coelha - Vais ver que se comeres a sopinha, os teus olhos vão ficar brilhantes como uma lanterna
- Está bem - disse a Eduarda cheia de dúvidas
Provou a sopa, uma colher bem pequenina, abriu os olhos e disse:
- Que maravilha! Está deliciosa!
E comeu a sopa toda.
- Agora vamos comer bifinhos de cenoura - disse a mamã coelha
A Eduarda torceu o nariz.
- Bifinhos de cenoura???? Mamã coelha, deve ser horrível!
- Vá, prova. Dizias que não gostavas de sopa de cenoura e comeste tudo.
Provou um bocadinho pequenino e afinal os bifinhos eram uma delícia!
- Hum, mamã coelha, isto é delicioso! - exclamou a Eduarda
Comeu tudo e ainda pediu mais uns bifinhos. Os coelhinhos também repetiram e quando a Eduarda olhou para eles, reparou que os seus olhos brilhavam como se fossem faróis.
- Mamã coelha, os teus filhos têm os olhos tão brilhantes!
- Tu também tens, Eduarda. Depois de jantar vais ver-te ao espelho. Agora vamos comer gelado de cenoura.
- Blergh! Mamã coelha, isso é que deve ser mesmo mau. Não quero, obrigada.
- Vá, tens de provar. Também não querias sopa e comeste e os bifinhos ainda repetiste. Já devias perceber que sou boa cozinheira.
A Eduarda provou uma colher de gelado e adorou. Repetiu três vezes!
- Mamã coelha, é divinal! Adorei o teu jantar. Agora tenho sono. Posso ir dormir?
A mamã Coelha levou a Eduarda ao pé de um espelho e a menina sorrindo disse:
- Que olhos tão brilhantes!
- Vá, agora vais dormir naquela caminha ao pé dos meus filhotes. É uma caminha de palha, mas é muito quentinha
A Eduarda dormiu a noite toda, até que de manhã acordou com os barulhos das brincadeiras dos coelhinhos.
- Bom dia, mamã coelha. Estou cheia de fome - disse a Eduarda
- Vem para a mesa, o pequeno almoço está pronto. Depois vou levar-te até perto da tua aldeia. Os teus pais devem estar preocupados.
A Eduarda sentou-se à mesa e perguntou o que era o pequeno almoço
- É leite de cenoura e pão com cenoura.
- Bem, já não digo nada, deve ser bom - respondeu a Eduarda
E realmente era tudo delicioso.
Depois do pequeno almoço, veio a dona toupeira tomar conta dos pequenos coelhinhos e a mamã coelha foi levar a menina até à aldeia.
- Eduarda, agora é já ali à frente. Volta sempre que quiseres.
- Obrigada, mamã coelha. Gostei muito das tuas comidas.
E lá foi a correr.
Em casa, os pais choravam, pois não sabiam da sua filhinha.
- Mãe, pai, voltei. Perdi-me na floresta e dormi numa toca com coelhinhos. Vou contar-vos a minha aventura.
Contou-lhes tudo e quando a mãe perguntou o que a Eduarda queria almoçar, pediu sopa de cenoura, para ficar com os olhos a luzir como faróis.
A mãe estava impressionada e a partir daquele dia a Eduarda passsou sempre a comer cenouras e outros legumes, pois queria ter os olhos brilhantes como dois faróis e os dentes brancos como a neve.